"Foi na época da Páscoa que Jesus, acusado de pretender-se Filho de Deus e Rei dos Judeus, foi levado
a Pilatos, o delegado romano. E Pilatos, não vendo nele mais que um pobre diabo, perguntou
ironicamente: ‘Então és tu o rei dos judeus’? Mas Jesus tomou a questão com muita seriedade e, no ardor
de sua missão divina, respondeu: ‘Tu o dizes. Sou rei. Nasci e vim ao mundo para dar testemunho da
verdade. Todo o que está do lado da verdade ouve a minha voz’. Pilatos perguntou então: ‘O que é a
verdade’? E poque ele, o cético relativista, não sabia o que era a verdade, a verdade absoluta na qual
este homem acreditava, procedeu — com muita coerência — de forma democrática, delegando a decisão
ao voto popular. Segundo o Evangelho, foi ter novamente com os judeus e disse-lhes: ‘Não encontro nele
crime algum. Mas é costume que eu, pela Páscoa, vos solte um prisioneiro. Quereis, pois, que eu vos
solte o rei dos judeus’? Então gritaram todos novamente, dizendo-lhe: ‘Não este, mas Barrabás’.
Acrescenta o evangelho: ‘Ora, Barrabás era um ladrão’."Para os que crêem que o filho de Deus e Rei dos judeus seja testemunha da verdade absoluta, este
plebiscito é sem dúvida um forte argumento contra a democracia. E nós, cientistas políticos, temos de
aceitar este argumento. Mas com uma condição apenas: que nós tenhamos tanta certeza de nossa
verdade política, a ponto de defendê-la, se necessário, com sangue e lágrimas — que nós tenhamos
tanta certeza de nossa verdade quanto tinha, de sua verdade, o filho de Deus" (47).
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